Por que as crianças reagem com birras, e o que estão tentando dizer.

As birras são uma das manifestações mais desafiadoras da infância  e também uma das mais mal compreendidas.

Por muito tempo, foram vistas como sinônimo de desobediência, manipulação ou “falta de limites”.
Mas, à luz da Psicologia do Desenvolvimento e das neurociências, sabemos que as birras são expressões legítimas de imaturidade emocional.

Elas surgem quando a criança ainda não possui recursos cognitivos e autorregulatórios suficientes para lidar com frustrações, limites ou mudanças inesperadas.
Ou seja: a birra é uma forma de comunicação antes da linguagem emocional estar plenamente desenvolvida.

O que acontece no cérebro infantil durante uma birra

Durante os primeiros anos de vida, o cérebro da criança passa por um intenso processo de maturação neurológica.
Segundo Daniel Siegel e Tina Payne Bryson (2012), autores de “O Cérebro da Criança”, o córtex pré-frontal, região responsável pelo controle de impulsos, empatia e regulação emocional , só começa a amadurecer de forma significativa por volta dos 5 a 7 anos e continua se desenvolvendo até a vida adulta.

Enquanto isso, quem domina é o sistema límbico, especialmente a amígdala cerebral, estrutura ligada às respostas de medo, raiva e frustração.
Por isso, diante de uma contrariedade, a criança reage emocionalmente, e não racionalmente.
Ela literalmente perde o controle, porque ainda não o possui por completo.

O papel da regulação emocional e da presença do adulto

O conceito de regulação emocional, amplamente estudado por John Gottman (1997), mostra que crianças que têm suas emoções reconhecidas e nomeadas por figuras de apego desenvolvem maior capacidade de autocontrole no futuro.

Quando o adulto se mantém calmo, contém e valida a emoção (“eu sei que você está bravo porque queria isso agora”), o sistema nervoso da criança entra em ressonância com o do cuidador, permitindo que o córtex pré-frontal volte a atuar.
Esse processo é chamado de co-regulação emocional ,  base essencial para o desenvolvimento da autorregulação.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental Infantil (TCCi) atua?

A TCC infantil trabalha de forma lúdica e psicoeducativa para ensinar a criança a identificar o que sente, pensar sobre o que sente e escolher como reagir.
De acordo com Kendall (2012), a TCC é eficaz no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, especialmente em crianças com dificuldades de controle de impulso, ansiedade ou irritabilidade.

Nas sessões, o psicólogo utiliza recursos como:

  • jogos e histórias para reconhecer pensamentos e emoções;

  • técnicas de respiração e relaxamento;

  • estratégias de autocontrole (como o semáforo das emoções);

  • diálogo e treino de resolução de problemas.

O objetivo não é “eliminar” a birra, mas ajudar a criança a compreender o que está por trás dela e desenvolver novas respostas comportamentais.

Conclusão: por trás da birra, um pedido de ajuda emocional

Toda birra é uma tentativa da criança de lidar com algo que ainda não sabe nomear.
A função do adulto : seja pai, mãe, cuidador ou psicólogo  é traduzir o que ela sente, não silenciar o que ela expressa.

A Psicologia Infantil, amparada pela TCC e pela Psicologia do Desenvolvimento, oferece ferramentas práticas e conhecimento científico para transformar crises em aprendizado emocional.

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